É importante dizer que o “mundo real social” a que muitos críticos das redes
sociais se referem, nunca existiu realmente. Antes das pessoas viajarem de autocarro
ou de comboio com a cabeça enfiada num smartphone,
geralmente viajavam em silêncio. Não víamos pessoas a conversarem
espontaneamente com estranhos. O sentimento de solidão sempre existiu.
Depois de ler esta notícia (aqui), não vou questionar se existe disseminação de informação sobretudo de má
qualidade “onde as
pessoas publicam fotografias desnecessárias e dizem coisas desnecessárias” ou
se estamos a mudar o nosso modo de pensar, a ponto de nos tornarmos menos
capazes de aceder a informação mais extensa e complexa, como a dos livros.
Também
não vou questionar se afinal as redes são antissociais; se provocam angústias nos adolescentes e um “sentimento de fardo social”: mais amigos, mais gostos, mais fotografias, mais exposição pessoal que possa conferir
mais “estatuto social”; nem se
experimentam um “sentimento de obrigação”, de “pressão”, de “cansaço” ou de “sobrecarga
pelos outros que partilham demasiado” ou mesmo se estão “constrangidos pelo
aumento da presença de adultos” no
Facebook
Depois de ler a notícia, a frase que merece alguma reflexão só pode ser esta: “Sim é por isso que vamos ao Twitter e ao Instagram [em vez de ao Facebook].”
Portanto,
a única coisa que vale a pena perguntar é por que razão ainda vão “socializar
noutros sites” em vez de desligarem simplesmente o computador. Vão
tomar um café, ao café, que isso passa.
Um pequeno conto sobre sermos (ainda) capazes de fazer as nossas próprias escolhas:
Um pequeno conto sobre sermos (ainda) capazes de fazer as nossas próprias escolhas:
A
centésima noite
Isto
passou-se na China, em tempos que já lá vão.
Um
rico mandarim tomou-se de amores por uma célebre cortesã. Solicitou
ardentemente os seus favores e ela disse-lhe:
-
Entregar-me-ei a ti depois de passares cem noites no meu jardim, à minha
espera, sentado num banco, debaixo da minha janela.
O
mandarim, que conhecia o feitio difícil da rapariga, aceitou e todas as noites
se sentava num banquinho sob a janela da dama. Esta dava-se a uma vida só de
folguedos. De tal vida se propagavam os ecos.
O
homem procedeu desse modo durante noventa e nove noites. Pela manhã,
levantou-se, pegou no banquinho e foi-se embora para nunca mais voltar.
Como opinião pessoal, o Facebook até podia ser uma troca de "gosto" saudável se os seus utilizadores não o vissem como medidor de fachada social. [salvaguardo as excepções]
ResponderEliminarDito isto, só me resta passar seguinte mensagem.
- Nada melhor do que dividir uma mesa com amigos e uma garrafa de vinho.
Sobre a "centésima noite", nunca é tarde para se aprender!