Louis Marie de Schryver, Avenue des Champs-Élysées
“É importante que os professores sejam responsabilizados pelo desempenho dos alunos”
Se um professor for “eficiente” pode ter turmas maiores e
deve ser pago com base nos resultados dos alunos, diz o norte-americano.
Duas ideias iniciais:
Há bons e maus professores, como há bons e maus profissionais em qualquer outra área.
Nenhum professor pode considerar que é alheio aos resultados escolares dos seus alunos.
Há bons e maus professores, como há bons e maus profissionais em qualquer outra área.
Nenhum professor pode considerar que é alheio aos resultados escolares dos seus alunos.
Mas isto não significa que “a chave para melhorar o sistema escolar esteja
na melhoria da qualidade dos professores”. Aliás, o autor que defende este
princípio não consegue sequer identificar as características de um “professor
eficiente / de qualidade”.
Existindo inúmeros outros fatores que interferem na aprendizagem dos alunos
- meio social de origem, inteligência, idade, motivação, experiências
anteriores, etc. – como é que se consegue isolar a variável “qualidade dos
professores” e afirmar que essa variável é aquela que é determinante.
Refere o norte-americano que “um estudante que tem um mau professor pode
ficar para trás na sua carreira académica, para sempre (…) vai para o ano
seguinte com um atraso, o que o pode atrasar cada vez mais.” É verdade que um
estudante que tem um mau professor, não aprende, mas desses, nem todo ficam
para trás para sempre, alguns terão o apoio necessário para ultrapassar essa
dificuldade (acesso mais facilitado ao conhecimento, encarregados de educação mais
esclarecidos, explicadores, colégios privados, etc.).
Numa outra notícia, pode ler-se que as escolas lideram a lista das entidades que mais identificam situações de risco, (24,1%), razão pela qual as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco deverão passar a contar com um professor a tempo inteiro, segundo o presidente da Comissão Nacional. Em 2012, o número de processos nestas Comissões voltou asubir, atingindo mais de 69 mil crianças.
Portanto, segundo o norte-americano da notícia anterior, os professores destas 69 mil crianças,
expostas a situações de negligência e violência, muitas das quais com problemas
de absentismo e insucesso escolar, deverão ter um ordenado inferior, pois devem ser pagos com base
nos resultados dos seus alunos; enquanto que estas crianças podem ficar mais descansadas
porque ficam a saber que a chave para um bom resultado escolar não está nas
suas condições de vida, mas está na eficiência dos seus professores.
O outro aspeto digno de registo nesta entrevista é a “solidez”
das conclusões das investigações internacionais nas quais o norte-americano se
apoia.
Desde:
“A investigação internacional
dá algumas pistas…”
“O que a investigação
sugere…”
Até:
“A investigação ainda
não revelou o número ótimo de alunos por sala.”
“A investigação falha na
descrição das características ou do comportamento de um “professor eficiente.”
“A investigação não é conclusiva em relação a essa questão” (“todos os estudantes são bons se tiverem um
“professor eficiente”).
Afinal, em que é que ficamos nas “investigações internacionais”?
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