Lewis Hine
E se, de repente, esta menina passar por uma sapataria na Rua Augusta?
A física ensina-nos que se nos atirarmos contra uma
parede, a parede exerce sobre o nosso corpo a mesma força em sentido oposto. Vimos
para trás, empurrados por uma parede, uma simples parede, a realidade física mais
inerte e rígida que podemos conceber.
Dizemos que é para uma parede que falamos quando
ninguém nos ouve porque uma parede não tem olhos nem ouvidos, não tem vontade
nem razão.
Num inquérito referido no Expresso, a perceção dos inquiridos sobre a principal causa da sua pobreza é esta: “porque a família sempre foi pobre” (o desemprego é a segunda razão e os baixos rendimentos, a
terceira). A primeira causa da pobreza é a pobreza, a parede que devolve a mesma realidade.
Ontem, o governador do Banco de Portugal, confirmou
isto mesmo: “uma sapataria na Rua Augusta [Baixa de Lisboa] não calça todos os descalços que lhe passam à frente da porta, só aqueles que podem pagar”, um banco “também só dá crédito a quem tem possibilidade de reembolsar”.
O
senhor governador diz-nos que o mundo é o que é, uma grande parede (ou uma
sapataria, o que neste caso vai dar ao mesmo) que logo devolve o que assim recebe. E tem
toda a razão, foi isto que a física lhe
ensinou, que uma parede apenas "age" deterministicamente sobre qualquer corpo que
lhe é lançado.
O que lhe poderá ensinar a ética, essa grande ciência oculta, sobre o mundo, essa grande sapataria?
Não tinha conhecimento dessa informação. Obrigada!!
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