Falar para um candeeiro...

Candeeiro




À memória do meu pai





 Como "Vasco", a falar para um candeeiro neste "pátio" virtual...



V. Exa. vai perdoar-me a inconveniência, mas podia
fazer o obséquio de me dar um bocadinho do seu lume?

Narciso (Vasco Santana) regressando a casa, dirige-se a um candeeiro público enquanto assobiava a "Rosa tirana":
Boa noite V. Exa. V. Exa. vai perdoar-me a inconveniência, mas podia fazer-me o obséquio de me dar um bocadinho do seu lume?


[O candeeiro permance silencioso :]

Compreendi-te! Não te dignas dar lume a um humilde transeunte. Não te dignas baixar-te a mim, convencido que és alguém. Estás convencido que lá por dares luz a uma simples rua, és igual ao sol, que dá luz ao mundo.
Desculpa que te diga, mas és um ilusionista, um ilusionista e um vaidoso. De resto, és igual a todos os homens, perfeitissimamente igual. Julgas que és alguém sem te lembrares que há outros que estão muito acima (onde é que eu já li isto?!)
(…) Decididamente não me queres dar lume. Boa noite!
Pátio da Cantigas, 1942






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