Falar para um candeeiro...

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O mundo, essa grande sapataria

Lewis Hine
 
E se, de repente, esta menina passar por uma sapataria na Rua Augusta?


A física ensina-nos que se nos atirarmos contra uma parede, a parede exerce sobre o nosso corpo a mesma força em sentido oposto. Vimos para trás, empurrados por uma parede, uma simples parede, a realidade física mais inerte e rígida que podemos conceber.
Dizemos que é para uma parede que falamos quando ninguém nos ouve porque uma parede não tem olhos nem ouvidos, não tem vontade nem razão.  
 

Num inquérito referido no Expresso, a perceção dos inquiridos sobre a principal causa da sua pobreza é esta: “porque a família sempre foi pobre” (o desemprego é a segunda razão e os baixos rendimentos, a terceira). A primeira causa da pobreza é a pobreza, a parede que devolve a mesma realidade.  


 
O senhor governador diz-nos que o mundo é o que é, uma grande parede (ou uma sapataria, o que neste caso vai dar ao mesmo) que logo devolve o que assim recebe. E tem toda a razão, foi isto que a física lhe ensinou, que uma parede apenas "age" deterministicamente sobre qualquer corpo que lhe é lançado.

O que lhe poderá ensinar a ética, essa grande ciência oculta, sobre o mundo, essa grande sapataria?

 

Pergunta do dia





Pista: procurar não no que sobra em instituição, mas no que falta em vontade.

Foi hoje





 
31 de maio de 1981, pista do Estádio José Alvalade
 
 
 
 
Fernando Mamede, bateu o recorde europeu dos 10.000 metros com a marca de 27.27,7.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pergunta do dia


 
 
 
 
        A ordem das notícias "mais populares" é esta porque:
 
       a)  a nossa apetência por sangue é  enorme;
       b)  o nosso desinteresse pelo memorando é ainda maior;
       c)  economia só interessa se vier misturada com futebol;
       d)  que se lixe a troika

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A festa das palavras


Mark Twain


Cão perdeu-se! Por que não?
Cão achou-se! Ainda bem!
Ainda melhor, por sinal,
Se o cão perdido e o achado forem um só e o mesmo
“lidos” no mesmo jornal! 
Alexandre O´Neill




A primeira frase do prefácio do livro “A realidade é real” (“How real is real”) de Paul Watzlawick (um dos fundadores da Mental Research Institute de Palo Alto na Califórnia), é esta: “Este livro fala sobre a forma como a comunicação cria aquilo a que chamamos realidade”.

Sem teorizar a pragmática da comunicação humana, que se aplica em situações de comunicação interpessoal, a frase exprime a ideia algo estranha de que a comunicação cria a realidade. Parece estranho mas não é.

A forma como esta notícia é dada cria a extraordinária realidade de uma mulher que “morreu” e que“ressuscitou minutos depois”. Esta notícia poderia ser comunicada de outra forma, a de que os médicos conseguiram uma reanimação após uma paragem cardíaca. Mas não era a mesma coisa. O que é a reanimação médica quando se pode ter a ressurreição?

Vale lembrar o comentário de Mark Twain a um (outro) jornalista: “A notícia da minha morte é um claro exagero", quando o recebeu em sua casa enviado para averiguar o sucedido.

Quantas realidades criamos todos os dias pelo milagre da comunicação?

 
Estudo: Quer ter sucesso no casamento? Case com um divorciado
A experiência adquirida no matrimónio anterior evita cair em alguns erros comuns


Mais um estudo internacional.
Se a experiência no casamento anterior evitasse cair em erros, não voltariam a casar. Era sucesso garantido.

Acumular

Imagem daqui

Para lá da evidência do “andámos 30 anos a viver com dinheiro emprestado, agora temos que pagar, qual é a dúvida”, só há uma dúvida: por que razão (na zona euro) uns conseguem acumular para emprestar e os outros só conseguem pedir emprestado?

De José Maria Castro Caldas, um texto muito claro para compreender isto mesmo. A ler aqui, nos Ladrões de bicicletas.

Pergunta do dia


Ruy de Carvalho criticado no Facebook

Ruy de Carvalho é um "artista português" porque é:
 
a)    inteligente por reconhecer o erro?
b)    corajoso por assumir publicamente o erro?
c)    oportunista por reconhecer o erro só quando é atingido?
d)    idiota por insistir tantos anos no erro?

terça-feira, 28 de maio de 2013

Ao sucesso

Louis Marie de Schryver, Avenue des Champs-Élysées

“É importante que os professores sejam responsabilizados pelo desempenho dos alunos”

Se um professor for “eficiente” pode ter turmas maiores e deve ser pago com base nos resultados dos alunos, diz o norte-americano.
 
 
Duas ideias iniciais:
Há bons e maus professores, como há bons e maus profissionais em qualquer outra área.
Nenhum professor pode considerar que é alheio aos resultados escolares dos seus alunos.  
Mas isto não significa que “a chave para melhorar o sistema escolar esteja na melhoria da qualidade dos professores”. Aliás, o autor que defende este princípio não consegue sequer identificar as características de um “professor eficiente / de qualidade”.
Existindo inúmeros outros fatores que interferem na aprendizagem dos alunos - meio social de origem, inteligência, idade, motivação, experiências anteriores, etc. – como é que se consegue isolar a variável “qualidade dos professores” e afirmar que essa variável é aquela que é determinante.
Refere o norte-americano que “um estudante que tem um mau professor pode ficar para trás na sua carreira académica, para sempre (…) vai para o ano seguinte com um atraso, o que o pode atrasar cada vez mais.” É verdade que um estudante que tem um mau professor, não aprende, mas desses, nem todo ficam para trás para sempre, alguns terão o apoio necessário para ultrapassar essa dificuldade (acesso mais facilitado ao conhecimento, encarregados de educação mais esclarecidos, explicadores, colégios privados, etc.).
 

Portanto, segundo o norte-americano da notícia anterior, os professores destas 69 mil crianças, expostas a situações de negligência e violência, muitas das quais com problemas de absentismo e insucesso escolar, deverão ter um ordenado inferior, pois devem ser pagos com base nos resultados dos seus alunos; enquanto que estas crianças podem ficar mais descansadas porque ficam a saber que a chave para um bom resultado escolar não está nas suas condições de vida, mas está na eficiência dos seus professores.


O outro aspeto digno de registo nesta entrevista é a “solidez” das conclusões das investigações internacionais nas quais o norte-americano se apoia.

Desde:
“A investigação internacional dá algumas pistas…”
“O que a investigação sugere…”

Até:
“A investigação ainda não revelou o número ótimo de alunos por sala.”
“A investigação falha na descrição das características ou do comportamento de um “professor eficiente.”
A investigação não é conclusiva em relação a essa questão” (“todos os estudantes são bons se tiverem um “professor eficiente”).

Afinal, em que é que ficamos nas “investigações internacionais”?
 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Malandros

Gilbert Garcin

Ricardo Salgado: “Portugueses preferem o subsídio de desemprego”
Ricardo Salgado, presidente do BES (…) continuou: "Se os portugueses não querem trabalhar e preferem estar no subsídio de desemprego, há imigrantes que trabalham, alegremente, na agricultura e esse é um factor positivo".


O que quer dizer Ricardo Salgado quando diz que os “portugueses preferem o subsídio de desemprego”?
Quer dizer que “os portugueses preferem o subsídio de desemprego”? Ou quer dizer que “os portugueses não devem preferir o subsídio de desemprego”?
 
A segunda afirmação, implícita nas palavras de Ricardo Salgado corresponde a um juízo de valor, é essa que vale a pena discutir. A primeira afirmação é um juízo de facto e, neste caso, corresponde a uma afirmação verdadeira: (alguns) portugueses preferem o subsídio de desemprego a trabalharem. Com é também uma afirmação verdadeira dizer-se que Ricardo Salgado em 2011 recebeu “801 mil euros, dos quais 546 mil euros devencimento fixo mais 2 mil euros de subsídios, acrescentando uma parte variável de 253 mil euros” ou que  “esqueceu-se de declarar 8,5 milhões de euros ao fisco” e retificou 3 vezes a declaração de IRS, a última fora de prazo. Tudo afirmações verdadeiras.
 
Se “os portugueses não devem preferir o subsídio de desemprego”, então, muito provavelmente, a melhor solução seria acabar com esse subsídio e, já agora, acabar também com o ordenado mínimo. Desta forma, surgirão no mercado de trabalho mais empregos e mais portugueses dispostos a preferir trabalhar. Ricardo Salgado já poderia contratar os seus colaboradores por 200 ou 300 € por mês.
 
“E continuou: "Se os portugueses não querem trabalhar e preferem estar no subsídio de desemprego, há imigrantes que trabalham, alegremente, na agricultura e esse é um fator positivo".” Claro que haverá sempre imigrantes que trabalham “alegremente” (aqui alguma reminiscência da “alegria no trabalho”?). Haverá até pessoas dispostas a trabalhar alegremente por um prato de comida. À la Martin, o jovem dos Prós e Contras, dir-se-ia até que trabalhar por um prato de comida é melhor do que morrer de fome (esta é a parte em que a assistência aplaude em júbilo).
 
E haverá sempre os malandros, aqueles que não querem trabalhar ou  que simplesmente se esquecem de pagar impostos. Mas será que os portugueses não querem trabalhar talvez porque mesmo trabalhando 12 horas por dia, seis dias por semana, ainda precisem de pedir ajuda para comer, como Natália?
 


Mas, ainda assim, o dono do banco tem razão: haverá sempre imigrantes a trabalharem alegremente por 287€ por mês, se vierem da Letónia. E haverá sempre quem ache isso muito, desde que essa miséria sustente o seu lucro ou simplesmente não lhe bata à porta.
Mas, para além de tudo, aquilo que é moralmente edificante é ver um banqueiro dizer às "Natálias" deste mundo como é que hão-de viver. É bonito.

 


Farinha amparo

 
 
Um especialista em Direito de Trabalho vem esclarecer às pessoas que, nas entrevistas de trabalho, não lhe podem perguntar precisamente aquilo que lhes perguntam e que essas pessoas já sabem que não lhes podem perguntar, como também sabem que vão continuar a perguntar aquilo que o especialista diz que não se pode perguntar. Pois.

sábado, 25 de maio de 2013

A Vénus da razão


Matemático resolve problema com três séculos

O peruano Harald Andrés Helfgott, desvenda um dos mais difíceis problemas numéricos da Historia, a conjetura dos números primos de Goldbach.
 

De que forma este matemático resolveu este problema?


Declaração de interesses: não sou da área da matemática.
 
A física estuda o mundo natural e a biologia os organismos vivos. A partir de um contacto com entidades do mundo físico formulam hipóteses que serão ou não confirmadas de acordo com procedimentos científicos próprios das ciências experimentais. Até aqui tudo bem.
 
E a matemática? O matemático, ao contrário do físico ou do biólogo não tem nada para observar, os seus objetos só existem como coisa mental. Na fotografia vemos Poincaré sentado a uma secretária e não num laboratório, manipulando substâncias. Não há laboratórios de matemática porque não há nada para ver, ouvir, cheirar ou tocar. A matemática não vive no mundo real exterior, está fora do tempo e das circunstâncias do universo. Tudo se passa algures na cabeça de um matemático, que lida com os objetos mais remotos e inumanos que a mente já concebeu. A mente alimenta-se da sua própria razão.
Por essa razão, a matemática é a única ciência que lida com a verdade. Passaram dois mil anos e o teorema de Pitágoras está perfeitamente intocável, como se tivesse sido descoberta no ano passado. A matemática avança por continuidade e acumulação e não por rutura ou substituição e os matemáticos ainda não chegaram à conclusão se o que fazem é inventar ou descobrir. Afinal, onde existirá tanta ordem?

A criação matemática seria o produto de qualquer coisa parecida com aquela que, segundo Cavaco Silva, também terá produzido a sétima avaliação da troika: uma inspiração de Nossa Senhora de Fátima.
 
Descendo à terra, e tratando-se de uma ciência dedutiva, dir-se-á que o pensamento matemático se constrói a partir do raciocínio lógico-dedutivo. Porém, segundo Poincaré o pensamento matemático vai muito além do raciocínio dedutivo. Nos seus aspetos mais criativos, e é desses que estou a falar, a matemática depende da intuição e da imaginação, às vezes até mais que da dedução.
A intuição é uma faculdade mental que permite obter o conhecimento de uma maneira direta, uma entrada imediata no entendimento de uma qualquer realidade, sem que tenha passado discursivamente por uma explicação ou demonstração. Uma agudeza que penetra até à essência: olha-se para um lugar onde só existem fragmentos e, subitamente, surge a perceção do todo, cada elemento ligado ao outro por uma estrutura subjacente e invisível, o formalismo matemático virá depois. Mas intuitivo não é sinónimo de fácil. A capacidade de descobrir relações insuspeitas entre coisas é bastante difícil até, existindo muitas verdades profundas e difíceis que foram apreendidas pela intuição.

 
A intuição de uma totalidade proporciona um prazer estético, a beleza de haver contemplado a verdade, por um momento, comparável ao prazer da música, da pintura ou da literatura. Os grandes matemáticos são estetas, também falam em beleza e lidam com objetos perfeitos e bonitos, pelo entusiasmo vibrante da criação matemática, onde a intuição e imaginação são instrumentos tão importantes como o são para o pintor, o escritor ou o músico.
Para a maioria das pessoas, a utilidade da matemática é óbvia: construir casas ou pontes, fazer projeções económicas, conceber algoritmos para programas de computadores. Mas boa parte dos matemáticos considera essas aplicações desinteressantes. "A verdadeira matemática dos verdadeiros matemáticos, a matemática de Fermat, Euler, Gauss ou Riemann, é quase toda ela inútil." Como se aos matemáticos, coubesse levar às últimas consequências as possibilidades da razão e, assim, aferir até onde ela é capaz de ir. Os usos vêm depois - quando vêm. (in “Artur tem um problema”)

 
Dito isto, poder-se-á pensar que o prazer da descoberta ou o sentimento estético só se aplicam aos grandes matemáticos, sendo verdade que nem todos podem aceder à contemplação estética da verdade porque a maior parte das pessoas que trabalha diariamente com a matemática não produz matemática. Professores e alunos, numa sala de aula, debruçam-se sobre a verdade que alguém fora daquela sala um dia descobriu.
Poder-se-á pensar assim, mas não é inteiramente verdade. A “descoberta” matemática não se refere apenas aos teoremas inéditos para todas as pessoas no mundo, mas àqueles que são inéditos para cada um de nós, pois a matemática também pode ser uma experiência pessoal em que cada um deve procurar o seu caminho para a descoberta.

Esse é o verdadeiro interesse da matemática numa sala de aulas, o de proporcionar aos alunos a seu própria experiência da descoberta. O mesmo vale para uma outra disciplina conceptual, a filosofia.
 







O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.
óóóó — óóóóóóóóó — óóóóóóóóóóóóóóó
(O vento lá fora).
  Álvaro de Campos, Fernando Pessoa

 
Interessante e a propósito: “Artur tem um problema”
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-40/vultos-das-ciencias/artur-tem-um-problema

 
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Kurt Gödel e Alan Turing, dois génios matemáticos com vidas destroçadas pela realidade. Habitavam outro mundo. Por vezes, a razão tem destas coisas.
 
                                      Alan Turing                                                               Kurt Gödel com Einstein em Princeton 

 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Farinha Amparo


Ciúme,gula e birras passam a ser doenças mentais
 
 
E se achar que o meu cão deve dar uma dentada em todos aqueles que acham que os outros são malucos, com a instrução “banana!".

Como se chamará este distúrbio?

O lado negro da força

Bruce Davidson, Todos temos um preço?
 




Times Square, Nova Iorque
Nave de Star Wars feita de 5,3 milhões de legos


tempo Obama confundiu Star Wars com Star Trek e provocou a ira na Internet porque a verdade é que admiramos estes filmes. No caso de Star Wars, em particular, gostamos por muitas razões, porque olhamos para a obra como uma brilhante forma de reinterpretação futurista dos arquétipos clássicos do bem e do mal ou porque nos identificamos ideologicamente com a aliança rebelde (é impossível não pensar na relação da primeira trilogia com o momento político em que foi concebida nos anos 70, onde o Império podia ser interpretado como a União Soviética e a República como os Estados Unidos). 
 
Mas antes de tudo isto ser possível um jovem George Lucas tinha uma ideia para um filme de ficção científica. A história não se passava no futuro e também não era na Terra ou em qualquer outro lugar do universo como o conhecemos, mas sim há muito tempo atrás numa galáxia muito distante. Não deve ter sido fácil explicar a ideia. O génio de Ralph McQuarrie, designer/ilustrador, deu a ajuda fundamental ao conceptualizar visualmente a história, elevando-a ao nível do que podemos chamar uma epopeia visual. Uma parte importante do nosso fascínio por Star Wars deve-se a ele, o pai visual de muitas elementos e personagens da obra.

 
Mas Lucas também precisou de alguém que financiasse o seu projeto, de um capitalista, vamos dizer assim. Essa é a verdade. E no caso de Star Wars há mesmo muito dinheiro em jogo. Só em receitas de bilheteira, a saga gerou mais de 4,5 mil milhões de dólares.
Star Wars é um dos maiores fenómenos de marketing do cinema, com a venda de produtos licenciados com a marca do filme, um autêntico veiculo promocional para a venda até de uma parafernália de produtos, até refrigerantes.
A verdade é que os cineastas precisam de dinheiro para apoiar financeiramente os seus projetos, que muitas vezes funciona como uma “mão bem visível”, pois se o público quer um final feliz, então, independentemente da integridade artística, teremos um final feliz. Isto ilustra a ideia bem marxista de que, sob o capitalismo, os trabalhadores são meras engrenagens numa máquina, separados do fruto do seu trabalho. Com isto, associado a uma cultura que vê a procura do lucro como imoral ou, na melhor das hipóteses, amoral, é natural ver surgir um ressentimento em relação ao capitalismo. Não foi preciso o filme de Michael Moore, Capitalismo: uma história de amor, para sabermos que em Hollywood ninguém morre de amores pelo capitalismo. Aliás, a personagem mais grotesca de Star Wars é precisamente Jabba the Hutt, literalmente um gigante verme capitalista.

 
Portanto, se você não passou os últimos tempos em Dagobah, o planeta de pântanos e neblinas do mestre Yoda, já deve saber que a Disney comprou a Lucas Film e os direitos de Star Wars e que se prepara para produzir diversos filmes e produtos com uma das marcas mais fortes da indústria cinematográfica.
À trilogia original, que com todas as suas virtudes e (quase nenhuns) defeitos, está na memória de milhões de pessoas em todo o mundo, vem juntar-se um filme por ano a partir de 2015! Ninguém pretende que os filmes originais permaneçam “congelados em carbonite” para todo o sempre, como um símbolo quase religioso, mas é preciso este nível de banalização? O fantástico mundo que George Lucas criou, e que ajudou a destroçar, tem que ser vulgarizado a este nível para que o “rato, capitalista, Mickey” consiga extrair lucros cada vez mais astronómicos?
O império precisava mesmo de comprar os rebeldes?
E o rebelde tinha mesmo que vender?
Tenho saudades do tempo em que Star Wars era apenas um filme que eu adorava.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Zona Twilight



Há parlamentos que são vizinhos do zoológico, há outros que têm o zoológico lá dentro.

Crocodilo causa pânico... Quem deve ter medo do de quem?
Olha se a moda pega.

Partilha esta batata por nenhuma razão


É importante dizer que o “mundo real social” a que muitos críticos das redes sociais se referem, nunca existiu realmente. Antes das pessoas viajarem de autocarro ou de comboio com a cabeça enfiada num smartphone, geralmente viajavam em silêncio. Não víamos pessoas a conversarem espontaneamente com estranhos. O sentimento de solidão sempre existiu.


Depois de ler esta notícia (aqui), não vou questionar se existe disseminação de informação sobretudo de má qualidade “onde as pessoas publicam fotografias desnecessárias e dizem coisas desnecessárias” ou se estamos a mudar o nosso modo de pensar, a ponto de nos tornarmos menos capazes de aceder a informação mais extensa e complexa, como a dos livros.

Também não vou questionar se afinal as redes são antissociais; se provocam angústias nos adolescentes e um “sentimento de fardo social”: mais amigos, mais gostos, mais fotografias, mais exposição pessoal que possa conferir mais “estatuto social”; nem  se experimentam um “sentimento de obrigação”, de “pressão”, de “cansaço” ou de “sobrecarga pelos outros que partilham demasiado” ou mesmo se estão “constrangidos pelo aumento da presença de adultos” no Facebook

Depois de ler a notícia, a frase que merece alguma reflexão só pode ser esta:Sim é por isso que vamos ao Twitter e ao Instagram [em vez de ao Facebook].
Portanto, a única coisa que vale a pena perguntar é por que razão ainda vão “socializar noutros sites” em vez de desligarem simplesmente o computador. Vão tomar um café, ao café, que isso passa. 


Um pequeno conto sobre sermos (ainda) capazes de fazer as nossas próprias escolhas:

A centésima noite
Isto passou-se na China, em tempos que já lá vão.
Um rico mandarim tomou-se de amores por uma célebre cortesã. Solicitou ardentemente os seus favores e ela disse-lhe:
- Entregar-me-ei a ti depois de passares cem noites no meu jardim, à minha espera, sentado num banco, debaixo da minha janela.
O mandarim, que conhecia o feitio difícil da rapariga, aceitou e todas as noites se sentava num banquinho sob a janela da dama. Esta dava-se a uma vida só de folguedos. De tal vida se propagavam os ecos.
O homem procedeu desse modo durante noventa e nove noites. Pela manhã, levantou-se, pegou no banquinho e foi-se embora para nunca mais voltar.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A hora do deslumbramento


 Mário Cesariny, Pastelaria

Li esta notícia na qual se fica a saber que o dono de uma marca declarou que só vende roupa para "pessoas fixes e bonitas". Ler mais…

Podia aqui dizer que “o mundo é injusto e cruel e que as pessoas só se preocupam com bens materiais” e por aí fora..., mas não vou fazê-lo porque este lindo americano apenas diz o que já se pratica em muitas lojas (alguém mais avantajado experimente comprar roupa em muitas coisas para teenagers a ver se consegue), mas sobretudo porque depois de ver esta notícia perdi a vontade de dizer seja o que for:

“Venda de smartphones cresceu 46,4% em Portugal em 2012.
Venda de máquinas de lavar roupa, frigoríficos ou máquinas de lavar loiça desceu entre os 14,4% e os 18,5%.
Retalho alimentar teve um aumento de 1,3% graças a "forte política de promoções e descontos”. Ler mais…

 
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come”