Bruce Davidson, Todos temos um preço?
Times Square, Nova Iorque
Nave de Star Wars feita de 5,3 milhões de legos
Há tempo Obama confundiu Star Wars com
Star Trek e provocou a ira na
Internet porque a verdade é que admiramos estes filmes. No caso de Star Wars, em particular, gostamos por muitas razões, porque olhamos
para a obra como uma brilhante forma de reinterpretação futurista dos arquétipos
clássicos do bem e do mal ou porque nos identificamos ideologicamente com a aliança rebelde (é impossível não pensar
na relação da primeira trilogia com o momento político em que foi concebida nos
anos 70, onde o Império podia ser
interpretado como a União Soviética e a República
como os Estados Unidos).
Mas antes de tudo
isto ser possível um jovem George Lucas tinha uma ideia para um filme de ficção
científica. A história não se passava no futuro e também não era na Terra ou em
qualquer outro lugar do universo como o conhecemos, mas sim há muito tempo atrás numa galáxia muito
distante. Não deve ter sido fácil explicar a ideia. O génio de Ralph McQuarrie, designer/ilustrador,
deu a ajuda fundamental ao conceptualizar visualmente a história, elevando-a ao
nível do que podemos chamar uma epopeia visual. Uma parte importante do nosso
fascínio por Star Wars deve-se a ele, o pai
visual de muitas elementos e personagens da obra.
Mas Lucas também precisou
de alguém que financiasse o seu projeto, de um capitalista, vamos dizer assim.
Essa é a verdade. E no caso de Star Wars
há mesmo muito dinheiro em jogo. Só em receitas de bilheteira, a saga gerou mais de 4,5 mil milhões de dólares.
Star Wars é um dos maiores fenómenos de marketing do cinema, com a venda de
produtos licenciados com a marca do filme, um autêntico veiculo promocional
para a venda até de uma parafernália de produtos, até refrigerantes.
A
verdade é que os cineastas precisam de dinheiro para
apoiar financeiramente os seus projetos, que muitas vezes funciona como uma “mão bem visível”, pois se o público quer um final feliz, então,
independentemente da integridade artística, teremos um final feliz. Isto
ilustra a ideia bem marxista de que, sob o capitalismo, os trabalhadores são meras
engrenagens numa máquina, separados do fruto do seu trabalho. Com isto, associado
a uma cultura que vê a procura do lucro como imoral ou, na melhor
das hipóteses, amoral, é natural ver surgir um ressentimento em relação ao
capitalismo. Não foi preciso o filme de Michael Moore, Capitalismo: uma
história de amor, para sabermos que em Hollywood ninguém morre de amores pelo
capitalismo. Aliás, a personagem mais grotesca de Star Wars é
precisamente Jabba the Hutt, literalmente
um gigante verme capitalista.
Portanto, se você não
passou os últimos tempos em Dagobah,
o planeta de pântanos e neblinas do mestre Yoda,
já deve saber que a Disney comprou a Lucas Film e os direitos de Star Wars e que se prepara para produzir
diversos filmes e produtos com uma das marcas mais fortes da indústria
cinematográfica.
À trilogia original, que
com todas as suas virtudes e (quase nenhuns) defeitos, está na memória de milhões
de pessoas em todo o mundo, vem juntar-se um filme por ano a partir de 2015! Ninguém
pretende que os filmes originais permaneçam “congelados em carbonite” para todo
o sempre, como um símbolo quase religioso, mas é preciso este nível de
banalização? O fantástico mundo que George Lucas criou, e que ajudou a destroçar,
tem que ser vulgarizado a este nível para que o “rato, capitalista, Mickey”
consiga extrair lucros cada vez mais astronómicos?
O império precisava mesmo
de comprar os rebeldes?
E o rebelde
tinha mesmo que vender?
Tenho saudades
do tempo em que Star Wars era apenas
um filme que eu adorava.
Realmente foi uma má noticia para os fans do Star Wars, só vi um filme mas gostei muito, é tudo pelos lucros hoje em dia, mas é assim mesmo que essa indústria funciona, e a Disney já deixou de ser o que era há muito tempo...
ResponderEliminarAss: Rafael