Doentes “criminosos”, agitados,
designados de “furiosos”, movidos pelo “delírio da perseguição”, homens em
agravado desequilíbrio psíquico, encarcerados e revoltados, muitos deles com
elevado grau de perigosidade.
E se os doentes mentais
continuaram a ser segregados pela sociedade e restringidos aos hospícios, no
caso dos doentes do Pavilhão de Segurança – a 8ª Enfermaria, a segregação
mostrava-se bem mais acentuada e asfixiante. Constituía como que o fim de
linha, a estação terminal no caminho da loucura (…).
O mítico pavilhão de Segurança,
“a oitava”, na gíria interna, estigmatizado pela sociedade e pelo próprio
hospital, era especialmente temido pelos outros doentes e té por enfermeiros e
auxiliares.
Encarcerados no universo
concentracionário do Pavilhão, geralmente em fase aguda de descompensação,
fragilizados pela doença, ofendidos na sua dignidade, muitos desses pacientes reagiam
com violência à ordens dos enfermeiros, ou, inclusivamente, ao contacto com os
outros detidos.
Num ambiente de medo, propício ao
desrespeito de regras e ao abuso, os funcionários retorquiam por vezes com
força escusada ou autoridade discricionária, confundindo medidas de segurança
com castigos.”
Vítor
Freire, “Panóptico, vanguardista e
ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, Lisboa,
Livros Horizonte, 2009, pp. 64 e 68
Excelente visita de estudo a um edifício perdido no meio da cidade e que durante anos escondeu pessoas indesejáveis aos olhos da sociedade.
ResponderEliminarO panóptico é sem duvida alguma uma obra de arte.
O hospital Miguel Bombarda é sem dúvida um edifício histórico e um pouco arrepiante. Por vezes até imagino como aqueles doentes sofriam, por viverem num sitio daqueles.
ResponderEliminarMas sim para mim foi a visita de estudo mais interessante que tive.