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domingo, 19 de maio de 2013

Os "loucos de Rilhafoles": o Panótico do Hospital Miguel Bombarda

Este edifício fascinante e de grande beleza foi, contudo, durante 104 anos um local de sofrimento e dor, física e sobretudo mental. Talvez o mais terrível dos lugares terríveis, sobrepondo a prisão e o hospital, em acréscimo psiquiátrico.

Doentes “criminosos”, agitados, designados de “furiosos”, movidos pelo “delírio da perseguição”, homens em agravado desequilíbrio psíquico, encarcerados e revoltados, muitos deles com elevado grau de perigosidade.

E se os doentes mentais continuaram a ser segregados pela sociedade e restringidos aos hospícios, no caso dos doentes do Pavilhão de Segurança – a 8ª Enfermaria, a segregação mostrava-se bem mais acentuada e asfixiante. Constituía como que o fim de linha, a estação terminal no caminho da loucura (…).
 
O mítico pavilhão de Segurança, “a oitava”, na gíria interna, estigmatizado pela sociedade e pelo próprio hospital, era especialmente temido pelos outros doentes e té por enfermeiros e auxiliares.
 
Encarcerados no universo concentracionário do Pavilhão, geralmente em fase aguda de descompensação, fragilizados pela doença, ofendidos na sua dignidade, muitos desses pacientes reagiam com violência à ordens dos enfermeiros, ou, inclusivamente, ao contacto com os outros detidos.

Num ambiente de medo, propício ao desrespeito de regras e ao abuso, os funcionários retorquiam por vezes com força escusada ou autoridade discricionária, confundindo medidas de segurança com castigos.”
 
Vítor Freire, “Panóptico, vanguardista e ignorado – O Pavilhão de Segurança do Hospital Miguel Bombarda”, Lisboa, Livros Horizonte, 2009, pp. 64 e 68
 

2 comentários:

  1. Excelente visita de estudo a um edifício perdido no meio da cidade e que durante anos escondeu pessoas indesejáveis aos olhos da sociedade.
    O panóptico é sem duvida alguma uma obra de arte.

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  2. O hospital Miguel Bombarda é sem dúvida um edifício histórico e um pouco arrepiante. Por vezes até imagino como aqueles doentes sofriam, por viverem num sitio daqueles.
    Mas sim para mim foi a visita de estudo mais interessante que tive.

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