Praça de Tiananmen
Thank man: um herói é isto
Thank man: um herói é isto
Foi há 24 anos...
Num
cenário que facilmente imaginamos imponente, entre a Cidade Proibida e o Grande
Palácio do Povo, situa-se a Praça de Tiananmen na cidade de Pequim. Foi nesta
praça que em 1 de outubro de 1949 Mao Zedong proclamou a fundação da República
Popular da China. Desde Abril de 1989 que esta praça tem vindo a ser o local
escolhido pelos estudantes para se manifestarem em favor da abertura
democrática do regime.
A
morte de um alto funcionário do Partido Comunista Chinês parece ter sido a
faísca, improvável, para o desencadear de manifestações anti regime. No entanto
tudo indica que foi a morte de Hu Yaobong a 15 de Abril de 1989 que desencadeia
os protestes dos estudantes chineses.
Hu
Yaobong era tido como um reformista do regime chinês, forçado a abandonar os
seus cargos em janeiro de 1987 sendo acusado de ser demasiado brando face aos
protestos estudantis de 1986. Acabou na praça pública a auto redimir-se num
processo de auto critica, tão ao gosto do regime maoísta.
Vitima
de um ataque cardíaco em Abril de 1989 o partido recusa-lhe o funeral de
estado. Os estudantes de Pequim reagem ocupado a praça de Tiananmen e pedindo a
reabilitação de Hu Yaobong. O governo recua e decide conceder a Hu o funeral de
estado, no entanto recusa receber os estudantes que continuam a ocupar a praça
e exigem já a abertura do regime.
Zhao
Zyang então Secretário-Geral do PCC (que havia sucedido a Hu Yaobong)
menospreza o alcance da manifestação e deixa Pequim para visitar a Coreia do
Norte. Dado que o governo tem vindo a ceder às suas exigências, os estudantes
consideram que o governo não irá reprimir violentamente os manifestantes e
continuam o protesto exigindo a definitiva abertura do regime. Uns e outros
avaliaram mal as possíveis consequências: não só o número de manifestantes não
para de aumentar como os protestos se espalham a outras cidades. Os setores
mais conservadores do partido começam a temer pela sua sobrevivência.
Para
Deng Xiaoping, outrora vítima da Revolução
Cultural, Yang Shangkun e Li Peng a situação tinha ido longe de mais.
Regressado a Pequim, Zhao é rapidamente ‘convocado’ para uma reunião do Bureau político do partido onde é
decretado o estado de sítio. Para Zhao era o fim da sua carreira politica e
para os manifestantes o fim dos seus desejos democráticos e, em alguns casos, o
fim da sua liberdade e da sua vida.
A 19
de Maio Zhao é visto pela última vez em público na praça de Tiananmen, tentado
convencer os manifestantes a abandonar a praça e as suas exigências. No mesmo
dia é colocado em prisão domiciliária. Afinal, um destino bem melhor do que aquele
que esperava a milhares de manifestantes.
Na
manhã de 3 de Junho de 1989 as divisões 27 e 28 do Exército Popular de
Libertação, oriundas de províncias distantes de Pequim dado que os dirigentes
não confiaram na lealdade da forças militares de Pequim, entram na praça
disparando gás lacrimogénio e com ordens para não disparar sobre os
manifestantes. Estes enfrentam agora um dilema: permanecer e travar uma luta
que inevitavelmente seria perdida ou retirar e esperar por melhores dias?
Segundo os observadores internacionais, a maioria dos estudantes que iniciaram
o protesto decide retirar-se mas outra parte resolve permanecer no local.
A
entrada do exército em Pequim leva alguns cidadãos a juntarem-se aos estudantes
que decidiram permanecer na praça para repelirem o exército. A meio da noite de
3 de junho e durante a madrugada de dia 4 o exército volta a cercar a praça e
desta vez não seria só com gás lacrimogénio. Às seis da manhã de 4 de junho a
praça estava finalmente vazia. Ou quase…
Um
rapaz com uma camisa branca e calças pretas, com sacos de compras nas mãos
permanece imóvel em frente a uma coluna de tanques. Após alguns momentos dois
homens correm a empurrá-lo para longe.
Quem
era? O que lhe aconteceu?
Provavelmente
nunca o saberemos. Assim com também nunca saberemos quantas pessoas morreram no
massacre da Praça de Tiananmen. O número oficial é de 241 mortos, a Cruz vermelha
chegou a avançar com 260. Algumas testemunhas afirmam ter visto o exército a
retirar corpos das ruas circundantes à praça, os quais obviamente não foram
contabilizados no número de mortos e feridos.
E
quantos aos sobreviventes? Alguns estudantes, oriundos de famílias influentes
na burocracia chinesa receberam penas de prisão relativamente leves. Para os
outros, professores, trabalhadores e cidadãos anónimos, a pena foi a execução.
A
ver. Muito interessante.
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