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sexta-feira, 21 de junho de 2013

“É uma revolta?, Não Sire, é uma revolução”

O Juramento de Péla

O juramento de Péla, no dia em que cerca de 1 milhão de pessoas saem à rua no Brasil. A História tem destas coisas…

 
Quando a 1 de Maio de 1789 Luís XVI convoca finalmente os estados gerais (cortes) estavam, sem ter a menor possibilidade de o saber, a dar início a uma das mais simbólicas revoluções da História.
As cortes reúnem em primeira sessão a 5 de Maio e rapidamente surgem divergências entre os deputados. O rei, a nobreza e o clero pretendiam um voto por Ordem e que estas ordens reunissem em salas separadas. Os deputados do “terceiro estado” (o povo, representado pela burguesia) recusam, pretendem um voto por deputado. Argumentam que eles sozinhos representam a nação e a Assembleia reunirá com ou sem os representantes das outras ordens. A 17 de junho o rei tenta intervir nos acontecimentos, ordenando o fecho da sala de reuniões que era utilizada pelos nobres, procurando dissolver a Assembleia Nacional e impedindo pela força o acesso dos deputados do terceiro estado à sala onde a Assembleia deveria reunir.

 
O deputado Mirabeau declara então: “Vão dizer aqueles que aqui vos enviaram que estamos aqui pela vontade do povo e que só deixaremos os nossos lugares pela força das baionetas” e propõe que a Assembleia declare o princípio da imunidade dos deputados.

 
Os deputados, impedidos de aceder à sala onde a Assembleia devia reunir, contornam a decisão real ocupando um salão de jogos do palácio, na parte antiga de Versailles, salão que dará o nome ao juramento que os deputados aí farão a 20 de junho de 1789 pelos membros do terceiro estado.  
Jean-Joseph Mounier e o Abade Sieyès redigem então o que ficará conhecido pelo juramento do “Jogo da Péla” (Serment du jeu de paume) que estabelece que ficariam até fazerem a Constituição Francesa, onde constariam os direitos políticos e jurídicos dos cidadãos franceses. Apenas um deputado não vota a favor. O juramento feito pelos representantes da Assembleia Nacional era o de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (lemas da Revolução Francesa). A partir deste momento era apenas uma questão de tempo.
 
 
A 25 de junho, 47 deputados da nobreza iniciam a sua participação na Assembleia;
A 26 de junho, os bispos d'Orange  e de d'Autun (Talleyrand), o arcebispo de Paris e três sacerdotes iniciam a sua participação na Assembleia;
A 27 de junho, o rei reconhece a realidade: “Se eles não querem ir, eles que fiquem” e ordena aos restantes deputados que se juntem ao terceiro estado;
A 9 de julho, os deputados proclamam-se como a Assembleia Nacional Constituinte;
A 14 de julho a recém formada milícia de Paris toma de assalto a Bastilha.

 
Um dia depois Luís XVI recebe ao despertar a visita do conde Rochefoucauld com a notícia do assalto à Bastilha e pergunta:
- «C’est une révolte ? »
- «Non sire, ce n’est pas une révolte, c’est une révolution.» responde o Duque de Rochefoucauld.
 
 

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