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terça-feira, 11 de junho de 2013

A sardinha é de todos

Alfred Eisenstaedt

 

Em tempos passados, a sardinha foi um peixe que só os pobres comiam, acompanhada com pão de milho e vinho tinto. Hoje as sardinhas chegaram longe, com direito a exposições na Fundação Millenium BCP.

Ainda hoje se conta que nas famílias mais pobres e numerosas, uma sardinha, mesmo sendo um peixe barato, chegava a ser dividida por duas ou três bocas. Vivia-se então num Portugal salazarista, pobre e provinciano.

Atualmente a sardinha assada na brasa emergiu como uma iguaria típica da moda, mais do que isso, foi promovida a elemento icónico,  a presença rainha nas festas da cidade de Lisboa, num trabalho de marketing com alguns anos.

O marketing está de tal forma instalado na nossa sociedade que entra pelas nossas vidas dentro quase sem darmos por ele. Mesmo quando não queremos, parece impossível escaparmos a uma presença que nos entra pelos olhos e que, sem darmos conta, se agarra ao nosso inconsciente.

Mas há casos em que esse processo é mais consciente. Proliferam os cursos, consultorias e workshops de marketing pessoal, imagem, aparência, apresentação, maquilhagem, estética, etiqueta, comunicação e por aí fora, numa “roda viva” de cabelos e etiqueta misturados com reuniões e negócios.

Assim como as organizações, as pessoas também são uma marca, um produto a valorizar. Da mesma maneira que uma empresa precisa de ser bem vista para destacar os seus produtos da concorrência, também as pessoas precisam destacar-se das outras para obter sucesso, procurando mil e uma formas eficazes de se venderem a si próprias, num mercado saturado, disputado e com tanta mão-de-obra.
Como as sardinhas, trata-se de projetar uma imagem ideal e com “impacto” mediático perante a sociedade e o mercado.
 
Só vejo um problemas no casos das  sardinhas: ainda temos barcos de pesca para aviar as encomendas?


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