Alfred Eisenstaedt
Em tempos
passados, a sardinha foi um peixe que só os pobres comiam, acompanhada com pão
de milho e vinho tinto. Hoje as sardinhas chegaram longe, com direito a exposições na Fundação
Millenium BCP.
Ainda hoje
se conta que nas famílias mais pobres e numerosas, uma sardinha, mesmo sendo um
peixe barato, chegava a ser dividida por duas ou três bocas. Vivia-se então num
Portugal salazarista, pobre e provinciano.
Atualmente a
sardinha assada na brasa emergiu como uma iguaria típica da moda, mais do que
isso, foi promovida a elemento icónico, a presença rainha nas festas da
cidade de Lisboa, num trabalho de marketing
com alguns anos.
O marketing
está de tal forma instalado na nossa sociedade que entra pelas nossas vidas
dentro quase sem darmos por ele. Mesmo quando não queremos, parece impossível
escaparmos a uma presença que nos entra pelos olhos e que, sem darmos conta,
se agarra ao nosso inconsciente.
Mas há casos
em que esse processo é mais consciente. Proliferam os cursos, consultorias e workshops de marketing pessoal, imagem, aparência, apresentação, maquilhagem,
estética, etiqueta, comunicação e por aí fora, numa “roda viva” de cabelos e etiqueta
misturados com reuniões e negócios.
Assim como as
organizações, as pessoas também são uma marca, um produto a valorizar. Da mesma
maneira que uma empresa precisa de ser bem vista para destacar os seus produtos da
concorrência, também as pessoas precisam destacar-se das outras para obter
sucesso, procurando mil e uma formas eficazes de se venderem a si próprias, num mercado saturado, disputado e com tanta mão-de-obra.
Como as sardinhas, trata-se de projetar uma imagem ideal e com “impacto” mediático perante a sociedade e o mercado.
Como as sardinhas, trata-se de projetar uma imagem ideal e com “impacto” mediático perante a sociedade e o mercado.
Só vejo um problemas no casos das sardinhas: ainda temos barcos de pesca
para aviar as encomendas?
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