Parcerias Público‐Privadas
(PPP)
O
Governo irá:
3.17.
Evitar entrar em qualquer novo acordo
de PPP antes de finalizar a revisão das PPP existentes e as reformas legais e
institucionais propostas…
3.18.
Executar uma avaliação inicial, com
a assistência técnica da CE e do FMI, e, pelo menos, os 20 mais significativos
contratos de PPP (…)…
3.19.
Recrutar uma empresa de auditoria
internacionalmente reconhecida …
3.20.
Pôr em prática um quadro legal e institucional reforçado, no âmbito do M.F.A.P.,
para a avaliação de riscos ex‐ante da participação em PPP,
concessões e outros investimentos públicos, bem como a monitorização da
respectiva execução…
3.21.
Melhorar o relatório anual sobre as PPP e as concessões preparado pelo MFAP com
uma avaliação abrangente dos riscos
orçamentais derivados das PPP e das concessões.
(Memorando,
pp. 12-3)
Privatizações
3.31.
O Governo acelerará o programa de
privatizações. (…) O Governo compromete‐se
a ir ainda mais longe, prosseguindo uma alienação acelerada da totalidade das
acções na EDP e na REN (…).
O overno identificará, na altura da segunda
avaliação trimestral, duas grandes empresas adicionais para serem
privatizadas até ao final de 2012. Será elaborado um plano actualizado de
privatizações até Março de 2012.
3.32.
Elaborar um inventário de bens, incluindo imóveis, detidos pelos municípios e
pela administração regional, analisando
a possibilidade da sua privatização. [T2‐2012]
(Memorando,
p. 14)
Segundo
o Memorando, o que está previsto fazer com as PPP? “Evitar”, “avaliar” e “auditar”.
Faz-me lembrar o também fabuloso currículo da Alice no País das Maravilhas, “reler, escrevinhar e desmaiar”.
Não
estou a dizer que não fizessem avaliações, estudos, auditorias, relatórios e
exposições sobre as PPP, o que digo é que há uma impressionante diferença de
tom entre as palavras vagas e enfraquecidas para as parcerias público-privadas
e as palavras enérgicas e vigorosas utilizadas para as privatizações:
“acelerar”, “ir mais longe”, “encontrar mais empresas adicionais para serem
privatizadas”.
Como é
sabido “as PPP (parcerias público-privadas) são associações entre o Estado e
consórcios privados pode assumir diversas formas – uma das mais frequentes é a
concessão prolongada (30 anos ou mais), durante a qual as entidades privadas
exploram serviços tradicionalmente prestados pelo Estado (por exemplo, uma autoestrada
ou um hospital). (…)
Duma maneira geral, a relação
entre o Estado e os interesses privados nas PPP pode definir-se assim: se
houver prejuízos, o Estado paga; se houver lucros, revertem para as empresas
privadas; é o Estado que entra com o grosso dos capitais necessários à
exploração (e por vezes também a União Europeia); o custo final das obras
públicas ultrapassa sempre 4 a 12 vezes o custo orçamentado, sendo o Estado
quem entra com os capitais em falta, endividando-se; as concessões assentam
sempre em pressupostos irrealistas (por exemplo, o número de veículos que irá
passar numa ponte ou numa autoestrada) mas garantidos pelo Estado, que tem de
pagar uma renda para compensar o défice de tráfego, os atrasos na construção,
etc. Em suma, os contratos são minuciosamente calculados para que todos os anos
os concessionários privados recebam rendas no valor de centenas de milhões de
euros, pagos pelos contribuintes.”
(Ver mais aqui)
Aos
contribuintes as PPP custam 3,5 milhões por dia,
um enorme “buraco negro” que acentua significativamente o aumento do défice
e, consequentemente, da dívida pública.
A reforçar o carater intencionalmente
“enfraquecido” com que o governo pretende lidar com o problema das PPP, refira-se
que a “empresa de auditoria internacionalmente reconhecida”, recrutada para
analisar estas parcerias (ponto 3.19.) foi nada menos que a consultora Ernst
& Young. Esta consultora não pode assegurar critérios de "independência
e imparcialidade" porque está envolvida com os grupos José de Mello Saúde, Somague e Iberdrola, que têm interesses diretos ou indiretos em várias das
concessões e PPP que terá agora de analisar.
"As
empresas para as quais a consultora presta serviços estão envolvidas, entre
outras, nos consórcios da Lusoponte, Auto-Estradas do Atlântico, Auto-Estradas
Túnel do Marão, Hospital de Braga
e Hospital de Vila Franca". Este é um caso flagrante de conflito de
interesses". (Ver “Jornal de Negócios: IAC diz que Ernst & Young nãotem imparcialidade para auditar PPP”).
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