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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A lição do deserto



Na prática, o recuo do Estado social transforma direitos em serviços. Os primeiros são gratuitos, ou melhor, são pagos com os impostos dos contribuintes (salário indireto); os segundos são pagos a entidades privadas (muitas vezes depois de já terem sido “pagos” como impostos).

A situação que vivemos atualmente atenta gravemente contra os direitos dos cidadãos e a conflitualidade social aumenta. No entanto, é inimaginável a dimensão que a pobreza e a tragédia podem atingir. Esta notícia choca no mais profundo do sentir humano. É deveras impressionante, nem imaginamos ser possível que coisas destas possam simplesmente acontecer.

Esquecemo-nos muitas vezes que uma parte da população mundial não tem acesso à água, enquanto a outra parte se chega a convencer que este bem nasce espontaneamente nas torneiras das nossas casas.

A água é um dos bens mais preciosos que a natureza nos concede. É um bem cada vez mais escasso e, sobretudo, é um bem público, é de todos. Embora há tempos tenha ficado a saber que na Bolívia, o neoliberalismo lembrou-se de privatizar a água da chuva (!!!) que passou a ser propriedade de um consórcio. O caso deu origem a um documentário em vídeo sobre Cochabamba intitulado “A guerra da chuva”.

Em Portugal, a privatização da água, ou como dizem, “a concessão privada do abastecimento” já começou.

A privatização vende água. Para ter lucro é preciso: reduzir os investimentos, aumentar os preços e aumentar o consumo. Rigorosamente o contrário do que deveria ser uma política de gestão de um bem fundamental à vida e escasso.

Da forma mais dramática possível, o que se lê nesta notícia é que o dono da água é o dono da vida. Que todos se lembrem disto agora que privatizam a água.
 

A guerra da água




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