Falar para um candeeiro...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"J. Pinto Fernandes, que não tinha entrado na história"


Na fotografia, Patricia Highsmith, com cara de quem já "provou" o orçamento para 2014.
 
Para quem, como eu, ainda não teve tempo-coragem-raiva-energia para o ler, e muito menos para ouvir o redemoinho de comentadores, fica  Drummond de Andrade, a dissertar  sobre  pedras e quadrilhas.

A pedra no caminho sabemos todos qual é. O passa-culpas e a quadrilha, também. O “J. Pinto Fernandes” somos todos nós, “que não tínhamos entrado na história” senão para pagar.

 
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

 
 
 
 

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