Max Scheler, Bruxelas, 1958
Com
a nossa imaginação política presa à Modernidade Liberal (assente nas noções de indivíduo, razão, ciência, técnica…), é muito difícil fugirmos do consenso que tem dominado todo o pensamento e toda a linguagem.
Clarice
Lispector dizia que “Liberdade é
pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” Mas como dizer o que ainda
não tem nome? Se o tentarmos dizer, ficamos na situação algo histérica de produzirmos um discurso de insatisfação exatamente na mesma linguagem que produz o consenso. É o que acontece, por exemplo,
quando tentamos compreender a dívida, que fala apenas a linguagem do credor.
Por
isso, como diz Žižek (aqui), é preciso “não nos deixarmos distrair pela pergunta “Mas
o que vocês querem?”. Porque essa é a pergunta da autoridade masculina a interrogar
a mulher histérica: “Você só reclama! Tem alguma ideia do que realmente quer?” Mas a pergunta do “chefe” (“o que é que você
quer?”) esconde o sub-texto: “Diga-me numa língua que eu entenda ou cale-se!” .
Pois é! Mas a (única) língua que ele entende é a dele. E é por isso "aquilo que eu desejo não
tem nome".
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