Falar para um candeeiro...

sábado, 19 de setembro de 2015

Agências de “rating”: a realidade será o que disserem que ela é

Ernest Normand, Pygmalion and Galatea (1886)

As taxas de juro refletem a perceção de risco dos investidores do mercado e as agências de classificação de risco de crédito (agências de rating) expressam opiniões relativas à qualidade de crédito, que determinará essa taxa de juro. E para expressar opiniões é preciso avaliar.

Um título financeiro é um direito sobre rendimentos futuros e para o avaliar é necessário prever o que será o futuro. Assim, o preço de um ativo financeiro resulta de uma avaliação, que representa uma crença sobre o que determinados operadores pensam que será o futuro. Ora, pelo facto de expressarem essa "crença, as coisas podem vir a ser o que esses operadores, sentados algures numa sala do "mercado", disseram que elas seriam.

Por exemplo, numa situação de ataque especulativo, os níveis de juros podem começar a ser considerados incomportáveis e a desconfiança sobre a capacidade de pagamento instala-se, gerando um “efeito de Pigmalião”, tornando-se uma profecia auto-realizada. O Estado, deixa, de facto, de consegui pagar perante a exigência de  juros cada vez mais altos. 

Foi precisamente isso que aconteceu em Portugal em abril de 2011, pois foi a subida nos juros da dívida pública nos mercados secundários a razão invocada pelo governo para a necessidade de financiamento da tróica.

Em vésperas de eleições, a Standard & Poor's diz o que as coisas podem vir a ser (aqui). 
É esse o infinito poder das agências de rating, o de dizer como a realidade será.




2 comentários:

  1. não insisto na minha classificação de fp, porque até as Mães deles merecem mais consideração

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  2. Pois é, não esqueçamos as três letrinhas apenas com que se escreve a palavra "mãe" :) até dos fp

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