Falar para um candeeiro...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Um ponto sem extensão


Robert Capa, Watching the Tour de France in front of a bicycle shop  (Julho, 1939)


Nunca estamos completamente no presente nem fora dele. Não vivemos o presente em estado puro, mas sempre como um "ponto sem extensão", uma breve passagem entre o passado que já não é e um futuro que haverá de ser.

O tempo, ele próprio, é esse simples ponto de passagem, que permanentemente se desfaz em pequenos instantes diante dos nossos olhos, como substância volátil. E, de repente, como a simples duração de dois olhares, passaram-se anos. Uma parte da nossa história já é passado.

Um passado que não é apenas feito do que já sabemos mas daquilo que a memória resolve. O passado nunca será um quarto fechado sem portas e janelas por onde entrar. Será mais como um palimpsesto que vai sendo transformado, que se raspa para escrever de novo, camada  sobre camada, cada uma apagando ou modificando a outra. 






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