Robert Capa, Watching the Tour de France in front of a bicycle shop (Julho, 1939)
Nunca estamos completamente no
presente nem fora dele. Não vivemos o presente em estado puro, mas sempre como
um "ponto sem extensão", uma breve passagem entre o passado que já
não é e um futuro que haverá de ser.
O tempo, ele próprio, é esse simples
ponto de passagem, que permanentemente se desfaz em pequenos instantes diante
dos nossos olhos, como substância volátil. E, de repente, como a simples duração de dois
olhares, passaram-se anos. Uma parte da nossa história já é passado.
Um passado que não é apenas feito do
que já sabemos mas daquilo que a memória resolve. O passado nunca será um
quarto fechado sem portas e janelas por onde entrar. Será mais como um
palimpsesto que vai sendo transformado, que se raspa para escrever de novo,
camada sobre camada, cada uma apagando ou modificando a
outra.
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