A
destruição do Leviatã,
de Gustave Doré, 1865
(Capa de "O mistério do mal" de Giorgio Agamben)
(Capa de "O mistério do mal" de Giorgio Agamben)
Este texto de Giorgio Agamben (aqui) refere
três ideias importantes:
1) A única forma
de compreendermos as raízes da profunda crise de legitimidade pela qual
passamos hoje é através de uma rigorosa arqueologia das raízes da nossa
modernidade;
2)
A tentativa da modernidade de fazer coincidir legalidade e legitimidade,
assegurando através do direito positivo a legitimidade de um poder é totalmente
insuficiente. As instituições de uma sociedade permanecem vivas somente se
ambos os princípios permanecem presentes e agem nela sem nunca pretender
coincidir;
3)
Logo, é inútil acreditar que se pode enfrentar a crise das nossas sociedades
por meio da ação – certamente necessária – do poder judiciário: uma crise que
investe contra a legitimidade não pode ser resolvida apenas no plano do
direito.
Por
essa razão, quando vejo nas pessoas em geral ou nos partidos em particular um
certo “ativismo judicial” (como a prisão para os políticos corruptos, por
exemplo), penso que o maior perigo deste ativismo não é tanto o do populismo
como o da judicialização da política. Esta judicialização transforma o conflito
social e político num conjunto de problemas técnicos regulados por normas e
entregá-los a especialistas jurídicos.
Nesse
sentido, a própria “inspeção” legal da Constituição pelo Tribunal
Constitucional não é mais que parte desse trabalho desenvolvido por um conjunto
de especialistas.
Legitimidade
e legalidade são coisas muito diferentes. À política o que é da política, aos
técnicos o que é dos técnicos.
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