Slavoj Žižek dirigiu-se aos manifestantes do
movimento Occupy Wall Street, acampados na Liberty Plaza em Nova Iorque. Entre muitas outras coisas, contou a seguinte piada:
“Na antiga RDA, um
trabalhador alemão consegue emprego na Sibéria. Sabendo que a sua
correspondência será lida pelos censores, combina com os amigos:“Se receberem
uma carta escrita a azul, o conteúdo é
verdadeiro; com tinta vermelha, é falso”.
Os amigos receberam a
primeira carta escrita a azul: “Por aqui tudo é maravilhoso: a comida é
abundante, os apartamentos são amplos e aquecidos, os cinemas exibem filmes
ocidentais…, a única coisa que não temos é tinta vermelha.
Não é essa a situação
que vivemos até hoje? perguntava Žižek.
A única coisa que falta
é a “tinta vermelha”, isto é, faltam-nos novos conceitos. Os termos que usamos para designar o conflito
atual – “guerra ao terror”, “democracia e liberdade”, “direitos humanos”,
“dívida”, etc. – são termos que
mistificam a nossa perceção da situação.
O atual sistema
financeiro alterou toda a estrutura de poder e nós continuamos a usar os velhos
conceitos para (tentar) compreender uma nova realidade.
Gilles Deleuze dizia
que a tarefa da filosofia é criar conceitos. Pois bem, estamos mesmo a precisar
deles.
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