Falar para um candeeiro...

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Lançar a bola cada vez mais longe...



O CapitalCosta-Gavras, 2012

Normalmente os filmes que abordam o tema do capitalismo (como, por exemplo, Wall Street de Oliver Stone) colocam a questão em termos de um encruzilhada moral: ou os princípios éticos ou a riqueza. E no final (feliz) a ganância dos “maus da fita” é punida e o filme ensina a grande lição: mais moralização! Como se a culpa fosse da cobiça humana  e não da própria natureza do capitalismo.

Pelo contrário, no filme O Capital  (Costa-Gavras, 2012), Marc Tourneuil, o banqueiro, não é um herói nem sequer um anti-herói. É apenas alguém determinado a identificar-se inteiramente com o Grande Jogo. Não se ilude e não se culpa.  Não há espaço para reflexões políticas ou existenciais e julgamentos de caráter: existem apenas fortes e fracos, os que ganham  e os que perdem. E é preciso vencer. ”Continuaremos a tirar aos pobres para dar aos ricos neste jogo, meus senhores. Até que tudo isto um dia venha a explodir!”, diz ele numa reunião com os acionistas.

O problema não é de ordem ético-moral, não há qualquer possibilidade de humanizar o capital. Não existe qualquer crise de valores, o capitalismo é a própria crise. O colapso apenas expõe a essência da contradição.

O diálogo entre Marc Tourneuil e Maud (Le capital, 01h:44m) é absolutamente esclarecedor.






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