OPERAÇÃO FURAÇÃO
No final dos anos 90, era “chique, era bem, era inteligente, era sofisticado, era distintivo, era de classe social superior” fugir ao fisco. Não através da corriqueira evasão fiscal, mas sim pelo “planeamento ou elisão fiscal”, que nada tinha a ver com a evasão. Nesse tempo, até os “fiscalistas”, os especialistas, “sorriam com um esgar de complacente superioridade quando os neófitos perguntavam se X conduta não constituía um comportamento criminoso”. Continuar a ler aqui
Estas
palavras (a “linha de argumentação que o advogado Tiago Vaz Mascarenhas,
acusado de 16 crimes de fraude fiscal qualificada no primeiro caso da “Operação
Furacão”, apresentou a sua defesa no Tribunal Central de Instrução Criminal”)
são absolutamente extraordinárias! Mas talvez mais extraordinário seja o facto
delas corresponderem a uma certa verdade. “À data dos factos imputados na
acusação (1999-2003) o crime de fraude fiscal era desvalorizado, socialmente e
até grandes bancos ofereciam serviços de “planeamento fiscal” agressivo
entendido”.
Ninguém
levava a mal, portanto. Podia fazer-se, com a mesma naturalidade com que os
banqueiros hoje dizem “Aí aguenta, aguenta”. É o ar do tempo, um ar fétido que se respira…
Vivia-se o rescaldo dos tempos do ícone Pedro
Caldeira, o corretor
da bolsa de valores portuguesa que dominava mais de 50% do mercado (pelo menos
tina a reputação de ter sido responsável por 60% das operações que tinham lugar
na bolsa portuguesa) e que no verão de 1992 foi detido nos EUA por alegados
crimes de burla e abuso de confiança, sendo posteriormente absolvido de todas
essas acusações (apenas um dos seus clientes manteve a acusação, todos os
outros afirmaram que apesar do dinheiro que perderam, Pedro Caldeira deu-lhes a
ganhar muito mais); Ou dos tempos de Mario Conde, o banqueiro que ficou famoso pelo «caso Banesto» que abalou a vida
política e financeira espanhola no princípio dos anos noventa, e que foi
condenado a uma pena de 20 anos de prisão por apropriação indevida,
falsificação e burla.
Eram
os tempos dos Young Urban Professional, YUP” ou "Yuppies”, jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, em
situação financeira entre a classe média e alta, que tinham formação
universitária, e que seguiam as últimas tendências da moda: Sucederam à geração
anterior, os hippies.
Continuam
por aí.
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