Tílias, pudéssemos guardar o seu cheiro como uma imagem numa fotografia…
Pouco ou nada percebo destas coisas da natureza, mas sei que para
os finais de maio os deuses das pequenas coisas brindam-nos com uma exuberância:
o perfume das tílias. Lisboa, tem épocas assim, em que as suas árvores nos enchem
de tal modo que parece termos parado no tempo. As coisas de sempre, aqueles que
se repetem, têm este poder.
Todos
os anos, por esta altura, as tílias estão em flor! A sua floração não dura
muito tempo e, por isso, numa das mais intensas experiências da primavera na
cidade, procuro o cheiro das inúmeras flores dessas árvores em certas praças e ruas
de Lisboa, como aquela em que moro. Apetece ficar ali parada na espessura
daquele cheiro, que ainda é mais intenso nas noites quentes.
Cresci entre pitangueiras,
coqueiros e mangueiras e desconhecia estas árvores. Mas desde que as conheço, o seu
cheiro tem uma propensão para se fixar na minha memória, tal é a sua generosidade
olfativa.
Diz a sabedoria popular que o chá de tília é um remédio que adormece o
corpo e acalma o espírito. Mas por estes dias não apetece chá, só lá mais para
o outono, nos primeiros dias de frio. Aí já não poderei culpar as tílias pelo
facto continuar a enervar-me com as coisas de que não gosto e que, por isso, me
chateiam como aquele primeiro-ministro do PREC que ficava muito enervado quando
era sequestrado porque não gostava nada que o sequestrassem. Aquele que dizia
que “o povo é sereno.”
Será do chá de tília?
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