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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Tílias, a sagração (do cheiro) da primavera

Tílias, pudéssemos guardar o seu cheiro como uma imagem numa fotografia…



Pouco ou nada percebo destas coisas da natureza, mas sei que para os finais de maio os deuses das pequenas coisas brindam-nos com uma exuberância: o perfume das tílias. Lisboa, tem épocas assim, em que as suas árvores nos enchem de tal modo que parece termos parado no tempo. As coisas de sempre, aqueles que se repetem, têm este poder.

Todos os anos, por esta altura, as tílias estão em flor! A sua floração não dura muito tempo e, por isso, numa das mais intensas experiências da primavera na cidade, procuro o cheiro das inúmeras flores dessas árvores em certas praças e ruas de Lisboa, como aquela em que moro. Apetece ficar ali parada na espessura daquele cheiro, que ainda é mais intenso nas noites quentes.

Cresci entre pitangueiras, coqueiros e mangueiras e desconhecia estas árvores. Mas desde que as conheço, o seu cheiro tem uma propensão para se fixar na minha memória, tal é a sua generosidade olfativa.

Diz a sabedoria popular que o chá de tília é um remédio que adormece o corpo e acalma o espírito. Mas por estes dias não apetece chá, só lá mais para o outono, nos primeiros dias de frio. Aí já não poderei culpar as tílias pelo facto continuar a enervar-me com as coisas de que não gosto e que, por isso, me chateiam como aquele primeiro-ministro do PREC que ficava muito enervado quando era sequestrado porque não gostava nada que o sequestrassem. Aquele que dizia que “o povo é sereno.”

Será do chá de tília?
 
 
 
 
 



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