Falar para um candeeiro...

domingo, 24 de maio de 2015

O olhar libidinoso de Brejnev, talvez capaz de derreter a guerra fria

Jill St. John, Brejnev e Nixon


Estamos em 1973, na era da guerra fria, um dos homens da fotografia dirige metade do mundo, o outro controla a outra metade.

São os dois homens mais poderosos da geopolítica mundial, de tal maneira que chegamos a pensar que no seu infinito poder haverá ali um qualquer sopro divino capaz de ocultar uma essência sagrada e inatingível.

Mas não. A ideia de que eles são inacessíveis é falsa e a de que são sagrados é até risível.

Bem no centro da fotografia, onde também se vê Nixon à direita, Leonid Brejnev  está junto à piscina da casa particular do presidente americano em San Clemente, na Califórnia. Aí o convidado soviético lança um olhar lascivo a uma mulher que passa à sua frente. O olhar libidinoso de Brejnev  é o de um homem “acessível, “demasiado humano”, de quem está em visita de Estado mas podia estar no recreio do liceu.

O olhar do líder soviético, capaz de derreter a guerra fria, é dirigido à atriz Jill St. John que dois anos antes fora a principal Bond girl no filme "007 - Os diamantes são eterno" e que ali estava na qualidade de namorada de Henry Kissinger. O todo-poderoso conselheiro de Estado era, portanto, o namorado da sex-symbol.

Brejnev  haveria de nos brindar com outra fotografia icónica aquando daquele célebre beijo na boca do Presidente da República Democrática Alemão, em 1979, por altura do 30º aniversário da RDA. O não menos libidinoso Erich Honecker exibia nessa mesma fotografia um Rolex dourado, luxo que o próprio Brejnev  também haveria de ostentar numa outra fotografia sua, com um ar galante e desportivo, se assim conseguirmos imaginar o camarada Leonid.

E cada um com o seu Rolex pregavam o comunismo para as massas.

E assim perante a concupiscência, como diriam os gregos, pergunto se conseguiremos manter o vibrante desejo de transformação da estrutura do mundo ou será o mundo que acaba por transformar a estrutura do nosso desejo?

Fico nesta incerteza, uma dúvida porventura ainda mais eterna que os diamantes da Bond girl.
 
 
Brejnev e Honecker, momentos Rolex
 
 
 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário